PsicOdevaneiO: O "nada"...

O que é o nada? Seria um conceito? Uma idéia? Ou talvez, até, um estado de espírito? Como saber?

Por definição, "nada" é ausência de qualquer coisa. Logo, "fazer nada" é a ação de ausentar ações. Em tese, com base nas definições, "fazer nada" deveria ser um estado de relaxamento, sem preocupações ou obrigações, certo? Mas por que, então, o "nada" cansa?

Quando se precisa descansar, o nada é imperativo. Nada de ruídos, de movimentos, de pensamentos. Mas quando este estado passa da conta, no momento em que seu cérebro pede por movimento, o "nada" que antes lhe tirou toneladas dos ombros agora transforma-se, da mesma e cruel maneira que um revigorante Sol torna-se um arrasador buraco-negro, no pior dos estados psicológicos: o tédio. E é esse, sim, que cansa.

Sim, o tédio. Aquele que insiste em ignorar todas as formas de diversão ao seu redor e fica bombardeando sua mente com frases como "que saco! Nada pra fazer...".  Tal qual muito gelo torna a bebida aguada, muito... "nada" torna a vida um tormento. Ficamos chatos no tédio; amargos no tédio; estúpidos no tédio. Durante esse estado, nenhuma música serve, nenhum filme presta, nenhuma pessoa é interessante, e você só consegue pensar em como o planeta é inútil. Me digam vocês: estou mentindo?

O cômico de tudo isso é que o enfado nubla seus olhos para tudo. Só se é possível, enquanto entediado, enxergar o lado ruim das coisas. Se tem piscina, ou a água está muito gelada, ou o Sol muito forte; se há um computador, nada na web, que resume O PLANETA INTEIRO, lhe chama a atenção; se existem jogos, físicos ou de tabuleiro, nunca tem ninguém para jogar com você, e se tem, é alguém "escrotinho" ou "insuportável". O tédio só passa quando começamos a ficar entediados de nós mesmos. PsicOFreud explica: como eu disse, ficamos chatos e estúpidos, que geralmente são características que não gostamos nas outras pessoas. Ao notar tais coisas em nós mesmos, uma certa repulsa pessoal domina  nosso temperamento e aí sabemos que é hora de voltar ao normal.

"Fazer nada" é bom. Sempre é bom. Mas é preciso cuidado. Está certo que esse papo que estamos tendo agora não acrescenta muita coisa em sua vida, mas o fato é que escrevo isso pois estou cansado de... ou melhor... DO nada. E você só chegou até aqui neste post, provavelmente, porque está numa situação muito parecida com a minha. Podem continuar o "nada" de vocês sempre que lhes for conveniente, só tenham atenção para não criar um monstro. Se criarem uma única gota de tédio, ainda mais sendo um belo domingo, - inevitável trocadilho - não há... "nada" que se possa fazer...